hoje vi o mundo desfocado.
as pessoas como espectros difusos, dissolvidas em sombras, almas deambulantes sem rosto ou forma concreta, nem meros obstáculos a contornar, não pisar, não esbarrar, por ser apenas eu -eu corpo inquietado, emocinal, confuso, eu rosto cinzento, carregado, distante e presente, eu egoísta. e as pessoas somente geradores de ruído, presença-ausência ignorada, desprezada; as pessoas fantasmas, matéria ocupante, pedras animizadas...
até mesmo o sol incomodou, a claridade, o calor... as cores, as texturas, os sabores... e o barulho das pessoas, a seu estar sem raiz, a sua passagem constante, e o barulho,
o barulho!...
Shh!...
o barulho.
Desfocou.
3 comentários:
eu desfoquei também.
ou secalhar destrui-me.
[*]
adorei a escuridão da tua escrita.
não é raro caminhar por roteiros algo parecidos com o que descreveste.
mas sinceramente, penso que se não me tivesse sentido assim não seria eu.
somos construídos e destruídos por todos os momentos que respiramos.
o ruído das pessoas em breve tornar-se-á música. assim espero
*
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