"Volto a pensar em ti.
E por um momento, por motivo nenhum, tenho esperança. Acredito: estaremos juntos. Um dia, qualquer dia.
(...)
Não tenho coragem de o encarar mas sei que olha em frente: vendo nada. Imagino que recordará: a sua colecção de momentos e sensações, uma compilação de felicidades, o seu best of. Talvez passe a viver do passado, no passado; reproduzindo na sua mente a cassete que agora compila, ordena, perfeiçoa. Play; replay. Por um momento, desvio o olhar e espreito as suas mãos, pousadas sobre as pernas. (...) mãos repletas de vida: como se as experiências e as sensações aí se fossem acumulando, camada após camada; como se lentamente tudo se fosse dirigindo e concentrando nas mãos; como se aí residisse o fulcro do que é a vida, foi a vida. A mão que diz ao cérebro: o que eu sinto tu não saboreias.
(...)
Por vezes, também penso que é suficiente amar-te, que a concretização (ou até a correspondência) desse amor apenas corromperia a perfeição do sentimento que me une a ti. Por vezes, penso: amar é ma forma de ser amado.
E consigo suportar o teu silêncio. Por vezes.
A esperança é o mais inconsequente e fútil dos sentimentos; ou o mais abnegado e sublime?
Diz-me tu."
[Paulo Kellerman, 'Gastar Palavras -estórias-']
E por um momento, por motivo nenhum, tenho esperança. Acredito: estaremos juntos. Um dia, qualquer dia.
(...)
Não tenho coragem de o encarar mas sei que olha em frente: vendo nada. Imagino que recordará: a sua colecção de momentos e sensações, uma compilação de felicidades, o seu best of. Talvez passe a viver do passado, no passado; reproduzindo na sua mente a cassete que agora compila, ordena, perfeiçoa. Play; replay. Por um momento, desvio o olhar e espreito as suas mãos, pousadas sobre as pernas. (...) mãos repletas de vida: como se as experiências e as sensações aí se fossem acumulando, camada após camada; como se lentamente tudo se fosse dirigindo e concentrando nas mãos; como se aí residisse o fulcro do que é a vida, foi a vida. A mão que diz ao cérebro: o que eu sinto tu não saboreias.
(...)
Por vezes, também penso que é suficiente amar-te, que a concretização (ou até a correspondência) desse amor apenas corromperia a perfeição do sentimento que me une a ti. Por vezes, penso: amar é ma forma de ser amado.
E consigo suportar o teu silêncio. Por vezes.
A esperança é o mais inconsequente e fútil dos sentimentos; ou o mais abnegado e sublime?
Diz-me tu."
[Paulo Kellerman, 'Gastar Palavras -estórias-']
3 comentários:
Lindo**
Desculpa a invasão**
Se estas palavras foram gastas, então foram muito bem gastas.
São tão suavemente profundas que fazem levitar.
[*ronron]
"Por vezes, também penso que é suficiente amar-te, que a concretização (ou até a correspondência) desse amor apenas corromperia a perfeição do sentimento que me une a ti. Por vezes, penso: amar é ma forma de ser amado.
E consigo suportar o teu silêncio. Por vezes."
estas palavras... no dia em que as li, na fase que passava, abanaram todo o meu mundo. fizeram-me questionar não o que sentia, mas sim a maneira de dizer, ou deixar de dizer o que sentia.
são especiais. vou guardá-las no meu cantinho escuro. as palavras e a pessoa que me as indicou.
(um gesto, que ainda que se considere pequeno, para mim muito especial)
*
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