segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Resposta ao desafio colocado pela menina Joana:


1. Colocar uma foto individual:



















2. Escolher um artista/banda:

* Fiona Apple (não foi nada fácil escolher, tanto que acabei por fazer com o Ben Harper também, haha)


3. Responder às seguintes questões somente com títulos de canções do artista/banda escolhido:

* És homem ou mulher? Ugly Girl
* Descreve-te: A Mistake, ou Shadowboxer
* O que é que as pessoas pensam de ti? Sullen Girl
* Como descreves o teu último relacionamento? passo esta à frente (:
* Descreve o estado actual da tua relação: Pale September
* Onde querias estar agora? Across the Universe
* O que pensas a respeito do amor? Poem
* Como é a tua vida? Sitting in Limbo
* O que pedirias se pudesses ter só um desejo? Sleep to Dream, ou Better Version of Me
* Escreve uma frase sábia: Never is a Promise


4. Escolher quatro pessoas para responder ao desafio sem esquecer de os avisar.

* Sarita
* Su
* Rita
* Daniela

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008




pois é, eu sei que arrepia...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Quem vir por aí este sorriso, diga-me, por favor, para eu ir a correr atrás dele...

domingo, 9 de novembro de 2008

Quando for grande, quero ser mulher polícia.

Guimarães teve cheiro a castanhas quentinhas, olhar de passeios de (re)conquistas, sabor a picnic's debaixo de chuva miudinha, e albergou uma certa Joan agradavelmente surpreendente: nunca um vestido brilhante num corpo magro e esguio, um cabelo em desalinho e mãos que dançam em pianos ou guitarras combinaram tão bem com a dor de uma voz quente e ampla e a simpatia de uma mulher polícia.
(O site dela.)
(A foto tirada daqui.)

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

2 anos e um Amor para sempre

No que mais cresci nestes dois anos, contigo, foi em ser mamã para ti, enquanto te vi tornares-te (meu) menino.



sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Outono


hearts and thoughts they fade away...
(Pearl Jam)

sábado, 4 de outubro de 2008

O Oliver gosta de fogo-de-artifício, principalmente ao colinho.

[fotografia tirada com a analógica. é o Oliver, sim. (: ]


O mundo é feito de toda a espécie de pessoas, e de gatos também.

[Haruki Murakami, Kafka à beira-mar]

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

encontro com Dê.




(Em sussurros:)
- Queres dar-lhe uma moeda?
- Não. Ele não está aqui para pedir moedas...
- Pois não, mas eu fiquei com vontade de lhe dar uma moeda.
- Eu fiquei com vontade de lhe dar a mão.


(Sabem, passados uns minutos ele abriu os olhinhos, pestanejou 3 vezes, inclinou a cabeça para cima e... as suas rugas abriram-se num sorriso. Doce.)




[Catedral-Basílica de Nuestra Señora del Pilar, Zaragoza]

domingo, 24 de agosto de 2008

Vinte anos

« Quando tinha vinte anos li num livro de Fernanda Botelho (já não me lembro qual...): "Vinte anos, a idade mais bela da vida (dizem...) e fiquei, durante muito tempo, a pensar naquele "dizem". Na altura, não tinha qualquer dúvida sobre a glória dessa época da vida: passadas as inquietações da adolescência, podia fazer quase tudo o que me apetecia — estudar na Faculdade de Medicina de Lisboa, divertir-me com amigos e amigas e combater Salazar nos movimentos estudantis.
Vivia-se uma época de grandes mudanças: as mulheres tinham abandonado a crença de que a maternidade e a gestão do lar seriam as suas únicas fontes de realização e começavam a estudar mais e a trabalhar fora de casa: os filhos passaram a ser planeados através da contracepção e confrontavam-se com as dificuldades de muitos lares desagregados pelo divórcio; a liberdade gritava-se na rua, nas barricadas do Maio de 68 ou na contestação à guerra do Vietname; e a guerra colonial portuguesa, condenada em todas as instâncias internacionais, era mantida pelo autoritarismo da ditadura, obrigando muitos de nós a partir para uma luta sem sentido.
Foi uma época intensa, que recordo com alguma nostalgia: ter vinte anos nos anos sessenta significava lutar pela paz, pela liberdade a todos os níveis e em todos os contextos, colocar sempre a verdade nas relações, viver novas experiêndas-limite sem os constrangimentos do passado. Foi bom? Foi muito belo! Não importa que os eternos críticos responsabilizem os anos sessenta pela educação liberal na família e na escola, transmitida aos filhos pelos jovens de há quarenta anos e causadora, para alguns, do excesso de gratificação e permissividade visíveis nas crianças de hoje: a verdade é que a influência da maneira de pensar e de agir dessa época foi decisiva em muitos sectores. O que torna o balanço final bem positivo, se a análise tiver a objectividade já permitida pelo tempo que passou.
E agora: o que significa ter vinte anos? Impressiona verificar como tudo mudou e qualquer comparação não se justifica. As discussões actuais sobre jovens de hoje são melhores ou piores, ou se sabem mais ou menos coisas, caecem de sentido: são diferentes, e isso é que importa ter em conta.
Ter hoje vinte anos significa sentir na pele a precaridade do emprego e a necessidade de estudar mais. Compreender à sua custa o conceito de globalização e o fim das fronteiras rígidas, porque ninguém sobreviverá com sucesso sem conhecer o mundo, com tudo do bom e do mau que hoje nos é mostrado a cada instante. Perceber o fim das utopias que tudo pretendiam explicar, mas ter a certeza de que novas formas de participação cívica estão agora ao alcance de um blogue ou de uma petição on-line. Saber que nada é previsível porque um ataque terrorista pode matar milhares na vida real, ao mesmo tempo que um jogo virtual permite "destruir", com um só gesto, todos os "maus" das nossas estórias.
O mundo chega aos jovens de hoje através de um ecrã de um computador e a televisão tradicional em breve será para eles um objecto obsoleto, interessante apenas para pais e avós. Os seus ídolos são variados e os seus gostos heterogéneos, porque o acesso à cultura já não depende apenas da transmissão dos mais velhos, chega-lhes por um sítio na internet ou pelo mail de um amigo.
A geração-net (dos vinte anos de hoje) não contesta os valores da sociedade de consumo, como fizeram os seus avós nos anos sessenta. Não adere às utopias revolucionárias de setenta, nem se deixa convencer pelas raivas de noventa: tenta sobreviver no caos à sua volta, lidar com a flexibilidade dos valores que os circundam, procurar um sentido. Ter uma boa casa e um belo carro, como aspiravam os seus pais, não é agora um objectivo primordial: o que interessa é conquistar a autonomia que possibilite encontrar a sua via para a felicidade.
Sempre conectados (i-pod, MSN, SMS...), os jovens de hoje são capazes de fazer várias coisas ao mesmo tempo com toda a atenção - aspecto que os professores ainda não entenderam. Como não sabem se o mundo alguma vez ficará mais estável, vivem cada momento como se fosse o último. Lutam pelas suas causas e constroem os seus valores, mas o perigo está mesmo aí: ninguém sobrevive bem sem passado e sem referências.
O desafio para os educadores de hoje consiste na transmissão do justo equilíbrio entre a experiência do passado e a verificação da novidade do presente, porque o tempo actual também é dos mais velhos.»


Daniel Sampaio, in Pública 24.08.08

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Shine like gold in the air of Summer

Há coisas que, de tão doces e bonitas, transcendem qualquer existência...

Fotografia retirada do site da Blitz, por Cristina Pinto

Kings of Convenience

é uma delas.



As expectativas eram tantas, que o peito parecia querer explodir. Os momentos que antecedem concertos tão desejados pendem entre o angustiante e o fantasioso. Fechar os olhos, não querer sequer respirar - é desnecessário que o ar entre e saia, quando se quer parar ali; a pele entregue a um arrepio desconcertante, os olhos que prendem lágrimas de sonhos de fins de tarde...
Quente.
Foi um concerto do coração e para o (meu) coração, numa noite de Verão estrelada.



Kings of Convenience é uma palete de roxo inacabada, é chocolate amargo-doce que se derrete na boca, são fins de tarde que não têm fim...

quinta-feira, 22 de maio de 2008

I think I need to find a bigger place

sexta-feira, 9 de maio de 2008

de tão grande(s) tornou-se pequeno. ii

Foi uma semana bonita com aqueles a quem eu já deixei um pedacinho de mim. Pessoas grandes, transbordam sonhos, e dão sorrisos e beijinhos com a maior pureza que possa existir, apesar de a vida ser tão injusta com eles... Sentir-me pequenina diante de tanta grandeza aquece muito o coração.
D., P., J., D., A.A., C., B., F., C., os meus meninos. ('=

terça-feira, 6 de maio de 2008

de tão grande(s) tornou-se pequeno

abri a porta, os nossos olhares cruzaram-se, o meu coração parou. ali estavas tu, Ana Alice. durante todo este tempo, fui-me lembrando de ti e das tuas asas de cartão e penas que te levariam aos Sonhos... e no teu medo e no teu sorriso e no teu olhar puro, que continuam não teus.
agora, conheço-te melhor e sou mais apaixonada por ti. voa, menina, o mundo é pequeno demais para ti!... ouve esta história que tenho para te contar sobre os Amor e, no fim, deixa-me dar-te muitos beijinhos nas mãos e ter um sorriso teu.



felizes natais, Ana Alice.
e, porque é para mim duvidoso o tamanho do mundo, até um dia


21 Dez 06

segunda-feira, 5 de maio de 2008

estrela


Uma estrela espera-te desde toda a eternidade. Procura-a. E vê se a não perdes depois para durante a vida inteira, se acaso é possível, encontrá-la.
Mas a tua estrela pode não estar no céu. Põe-na lá.



[Vergílio Ferreira]

segunda-feira, 14 de abril de 2008

- A Terra em miniatura -

(dá que pensar...)


Se pudessemos reduzir a população da Terra a uma pequena aldeia de exactamente 100 habitantes, mantendo as proporções existentes actualmente, haveria:

57 asiáticos
21 europeus
8 africanos
4 americanos

52 mulheres
48 homens
70 não seriam brancos
30 seriam brancos
70 não cristãos
30 cristãos
89 heterossexuais
11 homossexuais

Das 100 pessoas,
6 pessoas possuiriam 59% de toda riqueza
e 6 (sim, 6 de 6) seriam norte americanos.
80 viveriam em condições sub-humanas

70 não saberiam ler
50 sofreriam de desnutrição
1 pessoa estaria a ponto de morrer
1 bebé estaria prestes a nascer
• Só 1 (sim, só 1) teria educação universitária

Nesta aldeia, haveria apenas 1 pessoa a possuir um computador.
Ao analisar o nosso mundo desta perspectiva tão reduzida, faz-se mais presente a necessidade de aceitação, entendimento, e educação.

Agora pensa...
Se te levantaste esta manhã com mais saúde do que doença, então, tens mais sorte do que milhões de pessoas que não sobreviveram nesta semana.

Se nunca experimentaste os perigos da guerra, a solidão de estar preso, a agonia de ser torturado, ou a aflição da fome, então, estás melhor do que 500 milhões de pessoas.

Se pudeste ir à tua igreja sem medo de ser humilhado, preso, torturado ou morto, então, és mais afortunado que 3 bilhões de pessoas no mundo.

Se tens comida no frigorífico, roupa no armário, um tecto sobre a tua cabeça, e um lugar onde dormir, és mais rico que 75% da população mundial.

Se guardas dinheiro no banco, na carteira, e tens algumas moedas num mealheiro... já estás entre os 8% mais ricos deste mundo.
Se os teus pais ainda estão vivos e unidos, és uma pessoa muito rara.

Se leste esta mensagem, tens uma bênção: tens mais sorte do que mais de 2 bilhões de pessoas neste mundo, que não sabem sequer ler.


(Texto e imagem retirados de uma apresentação power point que me enviaram por e-mail.)

quarta-feira, 2 de abril de 2008

antecipação

cinco palavras e um ponto.


mj:.jm

terça-feira, 1 de abril de 2008

amo o meu gato

... desde os pequeninos pelinhos do nariz até ao menino dentro dele.

(Fotografia com a analógica. É o Oliver, sim!)






(Há muito tempo que tenho querido escrever algumas estórias deste gato-menino, mas a disponibilidade não tem sido muita e a (falta de) inspiração também não tem ajudado... Fica, assim, a promessa.)

quinta-feira, 20 de março de 2008

o homem

Era uma tarde do fim de Novembro, já sem nenhum Outono.

A cidade erguia as suas paredes de pedras escuras. O céu estava alto, desolado, cor de frio. Os homens caminhavam empurrando-se uns aos outros nos passeios. Os carros passavam depressa.

Deviam ser quatro horas da tarde de um dia sem sol nem chuva.

Havia muita gente na rua naquele dia. Eu caminhava no passeio, depressa. A certa altura encontrei-me atrás de um homem muito pobremente vestido que levava ao colo uma criança loira, uma daquelas crianças cuja beleza quase não se pode descrever. É a beleza de uma madrugada de Verão, a beleza de uma rosa, a beleza do orvalho, unidas à incrível beleza de uma inocência humana. Instintivamente o meu olhar ficou um momento preso na cara da criança.

Mas o homem caminhava muito devagar e eu, levada pelo movimento da cidade, passei à sua frente. Mas ao passar voltei a cabeça para trás para ver mais uma vez a criança.

Foi então que vi o homem. Imediatamente parei. Era um homem extraordinariamente belo, que devia ter trinta anos e em cujo rosto estavam inscritos a miséria, o abandono, a solidão. O seu fato, que tendo perdido a cor tinha ficado verde, deixava adivinhar um corpo comido pela fome.. O cabelo era castanho-claro, apartado ao meio, ligeiramente comprido. A barba por cortar há muitos dias crescia em ponta. Estreitamente esculpida pela pobreza, a cara mostrava o belo desenho dos ossos. Mas mais belos do que tudo eram os olhos, os olhos claros, luminosos de solidão e de doçura. No próprio instante em que eu o vi, o homem levantou a cabeça para o céu.

Como contar o seu gesto?

Era um céu alto, sem resposta, cor de frio. O homem levantou a cabeça no gesto de alguém que, tendo ultrapassado um limite, já nada tem para dar e se volta para fora procurando uma resposta: A sua cara escorria sofrimento. A sua expressão era simultaneamente resignação, espanto e pergunta. Caminhava lentamente, muito lentamente, do lado de dentro do passeio, rente ao muro. Caminhava muito direito, como se todo o corpo estivesse erguido na pergunta. Com a cabeça levantada, olhava o céu. Mas o céu eram planícies e planícies de silêncio.

Tudo isto se passou num momento e, por isso, eu, que me lembro nitidamente do fato do homem, da sua cara, do seu olhar e dos seus gestos, não consigo rever com clareza o que se passou dentro de mim. Foi como se tivesse ficado vazia olhando o homem.A multidão não parava de passar. Era o centro do centro da cidade. O homem estava sozinho, sozinho. Rios de gente passavam sem o ver.

Só eu tinha parado, mas inutilmente. O homem não me olhava. Quis fazer alguma coisa, mas não sabia o quê. Era como se a sua solidão estivesse para além de todos os meus gestos, como se ela o envolvesse e o separasse de mim e fosse tarde de mais para qualquer palavra e já nada tivesse remédio. Era como se eu tivesse as mãos atadas. Assim às vezes nos sonhos queremos agir e não podemos.

O homem caminhava muito devagar. Eu estava parada no meio do passeio, contra o sentido da multidão.

Sentia a cidade empurrar-me e separar-me do homem. Ninguém o via caminhando lentamente, tão lentamente, com a cabeça erguida e com uma criança nos braços rente ao muro de pedra fria.

Agora eu penso no que podia ter feito. Era preciso ter decidido depressa. Mas eu tinha a alma e as mãos pesadas de indecisão. Não via bem. Só sabia hesitar e duvidar. Por isso estava ali parada, impotente, no meio do passeio. A cidade empurrava-me e um relógio bateu horas.

Lembrei-me de que tinha alguém à minha espera e que estava atrasada. As pessoas que não viam o homem começavam a ver-me a mim. Era impossível continuar parada.

Então, como o nadador que é apanhado numa corrente desiste de lutar e se deixa ir com a água, assim eu deixei de me opor ao movimento da cidade e me deixei levar pela onda de gente para longe do homem.

Mas enquanto seguia no passeio rodeada de ombros e cabeças, a imagem do homem continuava suspensa nos meus olhos. E nasceu em mim a sensação confusa de que nele havia alguma coisa ou alguém que eu reconhecia.

Rapidamente evoquei todos os lugares onde eu tinha vivido. Desenrolei para trás o filme do tempo. As imagens passaram oscilantes, um pouco trémulas e rápidas. Mas não encontrei nada. E tentei reunir e rever todas as memórias de quadros, de livros, de fotografias. Mas a imagem do homem continuava sozinha: a cabeça levantada que olhava o céu com uma expressão de infinita solidão, de abandono e de pergunta.

E do fundo da memória, trazidas pela imagem, muito devagar, uma por uma, inconfundíveis, apareceram as palavras:

- Pai, Pai, por que me abandonaste?

Então compreendi por que é que o homem que eu deixara para trás não era um estranho. A sua imagem era exactamente igual à outra imagem que se formara no meu espírito quando eu li:

- Pai, Pai, por que me abandonaste?

Era aquela a posição da cabeça, era aquele o olhar, era aquele o sofrimento, era aquele o abandono, aquela a solidão.

Para além da dureza e das traições dos homens, para além da agonia da carne, começa a prova do último suplício: o silêncio de Deus.E os céus parecem desertos e vazios sobre as cidades escuras.

Voltei para trás. Subi contra a corrente o rio da multidão. Temi tê-lo perdido. Havia gente, 'gente, ombros, cabeças, ombros. Mas de repente vi-o.

Tinha parado, mas continuava a segurar a criança e a olhar o céu.

Corri, empurrando quase as pessoas. Estava já a dois passos dele. Mas nesse momento, exactamente, o homem caiu no chão. Da sua boca corria um rio de sangue e nos seus olhos havia ainda a mesma expressão de infinita paciência.

A criança caíra com ele e chorava no meio do passeio, escondendo a cara na saia do seu vestido manchado de sangue.

Então a multidão parou e formou um círculo à volta do homem. Ombros mais fortes do que os meus empurram-me para trás. Eu estava do lado de fora do círculo. Tentei atravessá-lo, mas não consegui. As pessoas apertadas umas contra as outras eram como um único corpo fechado. À minha frente estavam homens mais altos do que eu que me impediam de ver. Quis espreitar, pedi licença, tentei empurrar, mas ninguém me deixou passar. Ouvi lamenta¬ções, ordens, apitos. Depois veio uma ambulância. Quando o círculo se abriu, o homem e a criança tinham desapareci¬do.

Então a multidão dispersou-se e eu fiquei no meio do passeio, caminhando para a frente, levada pelo movimento da cidade.

Muitos anos passaram. O homem certamente morreu. Mas continua ao nosso lado. Pelas ruas.


[Sophia de Mello Breyner Andresen]

sábado, 16 de fevereiro de 2008

pronome reflexo












ser-me: em reflexos fragmentados, ilusões instantâneas. passado de agora, presente de depois, futuro de ontem - ciclo inquebrável, numa espiral errante e desfocada.










domingo, 3 de fevereiro de 2008

matenidades

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
houve estrelas a mais…
Somente, esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém…
Para que o dia fosse enorme,
bastavatoda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe.

Sebastião da Gama



Mãe,
Conheço a tua força e a tua fragilidade.
Uma e outra têm a tua coragem, o teu alento vital.
( … )
vejo-te mulher de trabalho, sempre frágil e forte.

A. Ramos Rosa






(Não, não faço anos, a minha Mãe também não, ainda não vou ser mamã, e, se estou grávida, é na cabeça e no coração... É apenas para ficar de registo, pela minha passagem de 3 semanas na Maternidade, a cuidar das Mães e dos seus Filhotes.)

domingo, 6 de janeiro de 2008




(Cabo Sardão, Agosto de 2007)